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quarta-feira, 26 de abril de 2017

Pernambuco é o 3º do Nordeste com mais denúncias de violência sexual contra menores

No ano de 2011, houve 82.139 denúncias de violência contra crianças e adolescentes. Os números em 2016 passaram para 76.171 (-7,26%).

Samuel* tinha raros amigos, aos 13 anos, e morava num bairro de Paulista, na Região Metropolitana do Recife. Quando conheceu Rodrigo*, outro garoto da mesma idade que residia na capital, imaginou ter encontrado a tampa da panela – “meu melhor amigo”, dizia. A casa de Rodrigo era sinônimo de festa nos finais de semana, o contraponto de sua timidez. O pai dele (Eduardo*) fazia pizza ou macarronada, colocava os adolescentes para jogar videogame e tomar sorvete. À noite, os três dormiam no mesmo quarto, na mesma cama. Parecia normal compartilhar tudo com Rodrigo. Até que o pai se sentiu seguro para externar o seu lado perverso. E tentou tocar em Samuel da forma que ele não queria, de uma maneira que ele nunca precisou conhecer. Os três personagens dessa história têm nomes fictícios em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente. A situação de Samuel não está nas estatísticas, porque a família não levou o caso adiante. Como ele, 15.707 menores podem ter sofrido violência sexual no Brasil, sendo 11,5 mil potenciais vítimas de abuso. Na região nordestina, Pernambuco está em terceiro lugar do ranking de denúncias sobre violência sexual contra pequenos e adolescentes.
O recorte do Nordeste e do estado mostram que Samuel está longe de ser um caso isolado. Imagine que 4.481 meninos e meninas dessa região do país – sendo 571 no estado – correm o risco de não despertar a sexualidade de maneira sadia, foram violados, a maioria das vezes por alguém em quem confiavam. O tempo não volta.
O abuso é a violência sexual mais denunciada contra meninos e meninas, mas nem sempre as famílias levam a batalha adiante por medo das consequências. No caso de Samuel, por exemplo, o suposto violador tinha um filho adotivo e a família da vítima temia pelo destino dele.
Os dados revelados são do Disque Denúncia, referentes ao ano de 2016, e foram divulgados pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, vinculada ao Ministério da Justiça e Cidadania. Quase 90% dos violadores denunciados são conhecidos da família da vítima, muitas vezes parentes e vizinhos. Os casos foram remetidos aos órgãos competentes para investigação.
De acordo com os números publicados, mais de 15 mil crianças e adolescentes brasileiros (4,4 mil no Nordeste) podem ter sofrido algum tipo de violação como exploração sexual (3.308), pornografia infantil (1.815) e sexting (210). A Polícia Civil de Pernambuco, por exemplo, conseguiu identificar em fevereiro, através de um software, o maior usuário de sites pornográficos infantis do estado, em Carpina. No estado, aliás, existem 24 policiais do Departamento de Proteção da Criança e do Adolescentes habilitados para essas investigações. Mas nem todas as crianças podem ver os seus algozes punidos. E eles estão espalhados em qualquer lugar, com rostos confiáveis.
Além da violência sexual
Na Ouvidoria de Direitos Humanos, crianças e adolescentes são as maiores vítimas dos vilões. Quando se inclui todo tipo de violência, além da sexual, os números das denúncias pulam para 76.171 meninos e meninas em todo o país. As agressões cometidas contra os menores estão em vantagem numérica em relação às agressões cometidas contra idosos e pessoas com deficiência.

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